Eu respondi: é complicado e difícil.
A PNL ensina que, se o que você está fazendo não está funcionando, faça outra coisa. Mas que coisa?
Particularmente, tenho muitas dúvidas a respeito do que fazer. Vai depender muito da história de vida dos envolvidos.
Nos sete anos que conversei com residentes da El Shaday, observei que há maior possibilidade de mudar quando se apaixona por alguém do bem. Tornar-se evangélico parece que também ajuda – mas talvez seja somente paliativo.
A vida me ensinou que para mudar alguém você deve, primeiro, mudar a si mesmo. É a historinha do Gandhi: a mãe pediu a ele que dissesse para o filho dela não comer mais açúcar. Gandhi lhe pediu que voltasse na semana seguinte. Na semana seguinte, Gandhi disse ao garoto para não comer açúcar. Curiosa, a mãe perguntou: “Por que você não lhe disse isso na semana passada? ” Gandhi respondeu: porque até a semana passada, eu também comia açúcar!
Uma coisa é certa: nunca devemos fechar a porta para prestar ajuda a quem quer que seja e a qualquer tempo, naturalmente tudo dentro de nossas reais possiblidades. Certa vez o coordenador da El Shaday me disse: “A pessoa passa mais de oito meses aqui na comunidade; já vi pessoas se recuperarem nos últimos cinco dias do tratamento!
É imprescindível, contudo, que a pessoa busque muito a sua ajuda e com toda sinceridade. Aprendi isso num livro do ex-colega do BB, Luiz Sérgio, escrito depois da sua morte num acidente de carro perto de Brasília. Resumidamente a mensagem é: quando a pessoa pede ajuda, com sinceridade, do fundo do coração, o auxilio aparece, e vem da melhor forma possível, nem sempre por meio dos familiares. Luiz Sérgio esclarece ainda que, antes disso, ou seja, antes de a pessoa se arrepender e entregar humildemente, o socorro não virá, mesmo que esteja havendo “choro e ranger de dentes”!
Em Mateus 18,15-17 lê-se:
“Se o seu irmão pecar, vá e mostre o erro dele, mas em particular, só entre vocês dois. Se ele der ouvidos, você terá ganho o seu irmão. Se ele não lhe der ouvidos, tome com você mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Caso ele não dê ouvidos, comunique à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele der ouvidos, seja tratado como se fosse um pagão ou um cobrador de impostos.”
Já que me alonguei, acho que – é muito duro dizer isso! – talvez o melhor seja deixar a pessoa ir até o fundo do poço. Ela tem que descobrir, por si mesma – em sua essência, e não apenas em sua personalidade -, que está no caminho errado. E, quem sabe, queimar, nesta oportunidade, possíveis carmas ou criar novos outros. Trata-se do livre-arbítrio de cada um, e em nosso livre-arbítrio, nem Deus interfere!
Perguntas semelhantes – sobre sofrimento, como ajudar alguém, etc. - foram feitas ao Buda. E parece que até o próprio Buda teve problemas com o filho! Nesse sentido, segundo uma historinha, seu amigo barqueiro lhe disse mais ou menos assim: “Mesmo que você morra dez vezes, não conseguirá evitar que seu filho sofra”.
Nada acontece neste mundo por acaso. Para tudo existe uma razão de ser, e tudo se encontra interligado. Assim, eu nunca esqueço de me perguntar: o que eu posso aprender com isso que está acontecendo comigo? Sofrer e não aprender é burrice – e certamente vou sofrer novamente até aprender. É a escola da vida em ação!
(ESTE TEXTO PODE SER REPRODUZIDO LIVREMENTE.)
Um comentário:
Conteúdo Erudito e Relevante.
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